Oito Mortos Nos Protestos de Hoje • Diário Económico

a d v e r t i s e m e n ta d v e r t i s e m e n t
Pelo menos oito pessoas morreram esta quarta-feira, 15 de Janeiro, nas manifestações pós-eleitorais no País, dia da tomada de posse do novo Presidente da República, Daniel Chapo, segundo um levantamento feito pela plataforma eleitoral Decide.

De acordo com os dados daquela organização não-governamental (ONG), que monitoriza os processos eleitorais, registaram-se três mortos nas manifestações desta quarta-feira na província de Maputo, dois na cidade de Maputo e três em Nampula, elevando para 308 o total de óbitos desde o início das manifestações pós-eleitorais em Moçambique.

“Deveria ser um dia de festa, mas as manifestações ganharam outras proporções e temos mais mortos em Maputo e Nampula”, descreve a Decide no seu balanço.

Aquela ONG contabilizava ainda, até ao início do dia de hoje (15), 619 pessoas feridas a tiro nas manifestações pós-eleitorais desde o dia 21 de Outubro e, pelo menos, 4228 detidas nestes protestos, convocados pelo candidato presidencial Venâncio Mondlane, que não reconhece os resultados das eleições gerais de 9 de Outubro do ano passado.

A polícia recorreu a disparos e gás lacrimogéneo para desmobilizar um grupo de manifestantes que contestava, a cerca de 300 metros do local da investidura, no centro de Maputo, a posse do Presidente da República, Daniel Chapo.

A Lusa conta que por volta das 12h00, um grupo de algumas dezenas de manifestantes, empunhando cartazes de apoio ao candidato presidencial Venâncio Mondlane, insistia em concentrar-se em frente ao Banco de Moçambique, bloqueados pela polícia.

De seguida, os manifestantes começaram a colocar pedras na via, precipitando a intervenção da polícia, com recurso a vários tiros de metralhadora e lançamento de gás lacrimogéneo, que levou à debandada momentânea dos manifestantes, alguns perseguidos ao longo do percurso por agentes da Unidade de Intervenção Rápida, numa altura em que decorria a cerimónia de investidura na contígua Praça da Independência.

Poucos minutos depois, o mesmo grupo voltou a concentrar-se no mesmo local, com bandeiras de Moçambique e repetindo o protesto.

As forças de segurança já tinham dispersado, à bastonada, outro grupo de dezenas de manifestantes que gritavam “Mondlane”, também a cerca de 300 metros do local onde o novo Presidente tomou posse, no centro da capital.

Dezenas de polícias, militares e equipas cinotécnicas impediam os manifestantes de se aproximarem da Praça da Independência. Os manifestantes, organizados em diferentes grupos, gritavam ainda “Salve Moçambique” e entoavam o hino nacional, afirmando que pretendiam assistir à tomada de posse, mas foram impedidos pela polícia.

A capital do País esteve sob fortes medidas de segurança e já tinha havido outras intervenções da polícia para dispersar, com tiros, manifestantes em protesto que incendiaram pneus na estrada, à entrada do centro de Maputo, pouco antes da cerimónia de investidura de Daniel Chapo.

Daniel Chapo tomou posse como quinto Presidente da República de Moçambique, o primeiro nascido já depois da independência do País, numa cerimónia com cerca de 2500 convidados.

No dia 23 de Dezembro, Chapo, 48 anos, foi proclamado pelo Conselho Constitucional (CC) como vencedor da eleição a Presidente da República, com 65,17% dos votos, nas eleições gerais de 9 de Outubro, que incluíram legislativas e assembleias provinciais, que a Frelimo também venceu.

O candidato presidencial Venâncio Mondlane, que não reconhece os resultados eleitorais, convocou três dias de paralisação e manifestações, desde segunda-feira (13), contestando a tomada de posse dos deputados eleitos à Assembleia da República e a investidura do novo Presidente da República. A eleição de Daniel Chapo tem sido contestada nas ruas desde Outubro, com manifestantes pró-Mondlane a exigirem a “reposição da verdade eleitoral”, com barricadas, pilhagens e confrontos com a polícia.

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