Incerteza Pós-Eleitoral Penaliza Economia Com Negócios a Parar e IDE a Cair • Diário Económico
a d v e r t i s e m e n t
A segunda semana de 2025 trouxe um panorama económico marcado por desafios e oportunidades, reflectindo as dinâmicas do mercado financeiro, a evolução do crédito e as perspectivas para o crescimento do País. A influência da conjuntura global, aliada à instabilidade política interna e às mudanças estruturais na economia, ditam um começo de ano cheio de incertezas.
A agência de notação financeira Moody’s destacou o País como um dos mercados emergentes com potencial de crescimento no sector energético, principalmente devido à exploração de gás na bacia do Rovuma. Contudo, o País continua exposto a riscos significativos, nomeadamente a instabilidade política, a vulnerabilidade ambiental e as dificuldades na gestão da dívida externa.
O regresso ao País do líder da oposição, Venâncio Mondlane, tem reacendido tensões políticas, comprometendo a confiança dos investidores e aumentando a incerteza sobre a estabilidade institucional. O endividamento externo também representa um factor crítico, especialmente num contexto de valorização do dólar e de pressões fiscais adicionais.
Deterioração da Actividade Empresarial
O índice PMI do Standard Bank revelou uma queda acentuada na actividade empresarial, atingindo o menor nível desde a pandemia de covid-19. A queda do indicador para 46,4 pontos em Dezembro reflecte o impacto das greves e protestos relacionados com o processo eleitoral de Outubro. Esta situação afectou severamente a procura de bens e serviços, levando à redução de encomendas, stocks e postos de trabalho.
A crise na cadeia de abastecimento também foi um factor determinante, com o encerramento de fronteiras a limitar o acesso a produtos essenciais e a elevar os custos operacionais das empresas. Apesar do cenário desafiante, o estudo indicou que os custos empresariais caíram pelo segundo mês consecutivo, enquanto algumas empresas revelaram uma leve melhoria nas expectativas para 2025.
Expansão Moderada do Crédito à Economia
O Banco de Moçambique anunciou que o crédito à economia registou um crescimento de 0,55% em Novembro de 2024, atingindo 290,9 mil milhões de meticais (4,5 mil milhões de dólares). O aumento do financiamento a particulares e empresas privadas mostra uma resiliência do sector bancário, apesar dos desafios macroeconómicos.
As taxas de juro para empréstimos de longo prazo e para habitação registaram uma ligeira redução, proporcionando algum alívio aos tomadores de crédito. No entanto, a necessidade de liquidez para investimentos produtivos continua a ser uma prioridade, exigindo uma abordagem prudente do Banco de Moçambique na regulação monetária.
Recuo do Investimento Directo Estrangeiro
O Investimento Directo Estrangeiro (IDE) caiu 10,8% no terceiro trimestre de 2024, totalizando 947,9 milhões de dólares (59,9 mil milhões de meticais). A retracção do capital estrangeiro foi influenciada pelo aumento da incerteza política e pelos desafios na implementação de projectos estruturantes.
Apesar desta queda, a indústria extractiva manteve-se como o principal destino do IDE, absorvendo 905,3 milhões de dólares (57,2 mil milhões de meticais). No entanto, outros sectores, como a indústria transformadora e o turismo, registaram saídas líquidas de capital, reforçando a necessidade de maior diversificação da economia moçambicana.
A Moody’s e outras instituições económicas mantêm uma postura cautelosamente optimista em relação a Moçambique. O crescimento do PIB para 2025 está estimado em 3,2%, com riscos significativos associados à instabilidade política, à pressão inflacionária e às mudanças climáticas.
A capacidade do País em garantir um ambiente de negócios estável e em implementar reformas económicas sólidas será determinante para sustentar o crescimento e atrair novos investimentos.
Texto: Felisberto Ruco
