Instabilidade em Moçambique Pode Provocar Uma Crise Nas Economias Australiana e Americana • Diário Económico

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A crise política pós-eleitoral em Moçambique está agora a impactar diversos continentes, pondo em causa dívidas de centenas de milhões de dólares aos Estados Unidos e planos do Governo americano para reduzir a dependência da China de produtos necessários para as novas tecnologias verdes.

Com efeito, o portal australiano Financial Review disse que a companhia australiana Syrah Resources está em conversações de emergência com o Governo americano sobre empréstimos de cerca de 250 milhões de dólares que a companhia não pode agora pagar devido à suspensão das suas actividades na mina de Balama, em Moçambique, de onde extrai grafite, um produto necessário para baterias de automóveis eléctricos e outros fins.a d v e r t i s e m e n t

Em 2022, o Departamento de Energia dos Estados Unidos (DOE) emprestou 102 milhões de dólares à Syrah para ajudar a companhia a construir uma fábrica de processamento da grafite em Moçambique no Estado do Louisiana, para ser usado por companhias americanas, como a Tesla, de automóveis eléctricos.

Por outro lado, a International Development Finance Corporation (DFC) acordou emprestar outros 150 milhões de dólares americanos à Syrah. Cerca de 53 milhões foram entregues em Novembro e existe a possibilidade de o organismo norte-americano exigir de imediato a devolução dessa quantia.

Na quinta-feira (12), a companhia australiana anunciou que “com as condições a continuarem a deteriorar-se em Moçambique e com novas acções de protesto da oposição do Governo nacional anunciadas recentemente, a Syrah não consegue realizar uma campanha de produção em Balama no último trimestre de 2024, necessária para reabastecer o inventário de produtos acabados e para as vendas aos clientes.”

Em Abril de 2022, foi anunciado que o Departamento de Energia americano tinha decidido emprestar até 107 milhões de dólares à Syrah para expandir uma fábrica de peças para baterias de veículos eléctricos no Louisiana

“As acções de protesto desencadearam eventos de default (incapacidade de pagar dívidas) nos empréstimos da empresa”, pelo que ”a Syrah está a contactar com a DFC e o DOE em relação a esses eventos”, relatou um comunicado da empresa australiana.

Em Abril de 2022, foi anunciado que o departamento de Energia americano tinha decidido emprestar até 107 milhões de dólares à Syrah para expandir uma fábrica de peças para baterias de veículos eléctricos no Louisiana.

O Presidente Joe Biden estabeleceu metas agressivas para que metade de todos os veículos vendidos nos Estados Unidos sejam movidos a electricidade até 2030, o que exigirá mais processamento doméstico de componentes de construção de veículos eléctricos.

Jigar Shah, chefe do Escritório de Programas de Empréstimos do Departamento de Energia, afirmou, na altura [2022], que os Estados Unidos tinham apenas cerca de 5% de capacidade para o fabrico necessário para atingir a meta de 2030 de Biden.

Em 2023, a Syrah vendeu 85 mil toneladas de grafite de Balama, obtendo 47,7 milhões de dólares em receitas do projecto, revelou a Reuters. A empresa tem um acordo para fornecer ânodos para a Tesla, a partir deste ano, mas desconhece-se se este acordo estava a ser cumprido.

Os problemas moçambicanos da Syrah

Desde que começou a operar em Balama, na província de Cabo Delgado, a companhia australiana tem-se deparado com problemas que têm dificultados os seus planos e os do Governo americano.

Em Junho de 2022, a companhia suspendeu todas as deslocações de e para as suas operações na zona, depois de um segundo ataque de insurgentes em Ancuabem, o que provocou, na altura, uma queda de 23% no valor das suas acções.

Na quinta-feira, as acções da companhia caíram 27% para o seu nível mais baixo desde 2011.

Aquando dos ataques terroristas de 2022, outra companhia australiana envolvida na exploração de grafite em Moçambique, a Triton Minerals, também suspendeu as suas actividades em Ancuabe, mas em Julho deste ano, a Triton assinou um memorando de entendimento para a venda de 70% dos seus interesses em Moçambique à companhia chinesa Yulong Gold.

Fonte: VOA

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